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1º Encontro sobre Animais Abandonados em Campi Universitários

CIMG0390Manejo de população animal se faz com educação, esterilização, controle do abandono e ações para doações.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1º Encontro sobre Animais Abandonados em Campi Universitários

Sidney Coutinho

 

A criação de uma comissão permanente ligada à Prefeitura Universitária ou órgãos equivalentes em cada universidade, para o controle da população atual de cães e gatos existentes nos campi, além de manter uma vigilância constante para evitar novos casos de abandono, inclusive prevendo um mecanismo de punição intramuros, são os principais pontos destacados no 1º Encontro sobre Animais Abandonados em Campi Universitários, realizado no início da semana, no auditório do Parque Tecnológico da UFRJ.

Promovido pela Prefeitura da UFRJ, a iniciativa pioneira no país contou com a participação de representantes do Estado do Rio de Janeiro, dos municípios do Rio, Niterói e Curitiba, além de veterinários das universidades federais do Paraná, da Rural do Rio de Janeiro e da própria UFRJ. “A ideia era de que cada um apresentasse o cenário atual e como estão lidando com o problema, para tentar construir um padrão comum de ações para controle de animais abandonados”, disse o Prefeito da UFRJ, Ivan Carmo, que tinha ao lado a ouvidora da universidade, Cristina Riche, que apoiou o encontro e está empenhada em soluções por ser o principal canal de reclamação de problemas causados pelos animais. 

Para o professor Armando Meyer, diretor do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC) da UFRJ, há uma preocupação constante de que alguém seja ferido pelos animais ou que haja a propagação de doenças por meio de vetores que entram em contato com os animais. “Somos uma das poucas unidades da UFRJ que têm em seus quadros um veterinário, como o professor Antônio Azeredo, do Iesc, com uma formação também ligada ao meio ambiente, o que dá a ele o perfil ideal para lidar com a questão. Nós não temos o protagonismo, vamos contribuir, mas se nada for feito tememos que a gente acabe se tornando um foco de ação de zoonoses”.

A representante do Conselho de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro e da Comissão de Saúde Pública Veterinária, Alessandra Gomes Pereira, destacou que todas as iniciativas como a da UFRJ, que visam à saúde humana, do animal e do meio ambiente são importantes. “A troca de ideias ajuda a traçar um perfil da situação no Brasil. Existem experiências também na Universidade de São Paulo (USP), na Universidade de Campinas (Unicamp), em Londrina e em Curitiba e temos que ver como adaptá-las dentro das nossas condições. Informação, educação e comunicação são fundamentais não só na questão do abandono, mas em todos os aspectos”.

O secretário Especial de Promoção e Defesa dos Animais da Cidade do Rio de Janeiro (Sepda), Rafael Aloísio Freitas, informou que a Sepda se destina a promover o bem estar dos animais e dar suporte e orientação às pessoas que cuidam e se interessam por eles. “Entre as metas da Prefeitura do Rio está ampliar o atendimento gratuito de esterilização e orientação para guarda responsável dos animais. Estaremos colocando toda infraestrutura do município para ajudar as universidades. Além disso, nós temos muita integração com outros órgãos, o que poderá contribuir muito”, disse ele na abertura do evento.

Problemas são idênticos

A mesma disposição de formar parcerias e estimular a ajuda mútua ficou evidenciada pelo diretor do Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Felipe Azevedo, que na palestra que realizou destacou a importância de criar sistemas de vigilância para controlar o abandono dos animais nos campi. “Apesar de nossa universidade ter o curso de veterinária, os problemas são idênticos. A iniciativa para atacar o problema depende da orientação de veterinários, mas precisa, principalmente, da aproximação de pessoas interessadas em resolver a questão. Educar sobre os males que o abandono pode trazer é fundamental”, ressaltou.

A palestra que mais chamou a atenção dos presentes foi realizada pelo Alexander Biondo, professor de Zoonoses da UFPR, que também tem a experiência como gestor da cidade de Curitiba para lidar com o abandono de animais. Segundo ele, no mês passado foi reconhecida como nova especialidade de Veterinária, a Medicina Veterinária do Coletivo, que cresce absurdamente por responder às demandas da sociedade. “Eu sou um híbrido entre a universidade e prefeitura e posso dizer que hoje acabou o ‘achismo’, a universidade responde sobre o que a gente tem dúvidas, principalmente na área de epidemologia e geoprocessamento”.

Para ele, é preciso interagir a saúde humana, saúde animal e saúde ambiental. “É preciso entender, ao se empregar recursos municipais, que um morador de rua tem mais valor que um animal, mas um animal abandonado é mais importante que uma planta”, disse ele ao criticar a desproporcionalidade no emprego de verbas. Na universidade do Paraná, cães nos campi não são considerados animais comunitários, por acarretar problemas como mordedura das pessoas, predação da fauna local e sanidade dos animais (zoonoses). Assim, a estratégia é combater o abandono com punição, prevenção e promoção de adoção fora do campus.

Alexander Biondo esclareceu que apenas uma única ação não adianta para resolver o problema, não se pode pensar só em castração ou extermínio dos animais como antigamente, pois o problema persiste. Os alicerces para manejo de população animal são educação, castração, controle do abandono e ações para doações. “Se a universidade repassar conhecimento essas ações saem barato para as prefeituras municipais. É preciso sensibilizar os políticos para atender essa demanda social”, finalizou.