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Museu Nacional da UFRJ terá banco de imagens de estruturas

 

 

Museu Nacional fRENTEO envio de amostras pela Embrapa poderá contribuir para resgatar a história da alimentação do homem pré-histórico no Brasil

 

 

 

 

 

 

MUSEU NACIONAL TERÁ BANCO DE IMAGENS DE ESTRUTURAS MICROSCÓPIAS DE SEMENTES DA EMBRAPA

Assessoria de Imprensa do Museu Nacional – 30/07/15

 

O envio de amostras pela Embrapa poderá contribuir para resgatar a história da alimentação do homem pré-histórico no Brasil

Uma coleção de referência de microvestígios que diferenciam as espécies de vegetais será, num futuro próximo, a chave para resgatar informações valiosas sobre a alimentação do homem pré-histórico no Brasil. Um Acordo de Cooperação firmado entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no dia 15 de junho de 2015 permitirá que o Museu Nacional da UFRJ tenha acesso às amostras de vegetais guardadas nos bancos ativos de sementes (BAG’s) de 19 unidades da Embrapa.

Pelo acordo, a Embrapa irá enviar duas ou três amostras de diversas espécies ao Laboratório de Arqueobotânica e Paisagem do Museu Nacional e a equipe responsável registrará imagens e descrições de estruturas microscópicas presentes nas sementes e outros órgãos vegetais que diferenciam as espécies: o grão de amido e o fitólito (tipo de cristal mineral que se forma nos vegetais).

A construção de um banco de dados com essas estruturas (grão de amido e fitólito) permitirá que os pesquisadores da arqueobotânica – disciplina dentro da arqueologia que busca reconstruir o passado humano através da análise de restos vegetais – descubram, por exemplo, como era a dieta, a domesticação de vegetais e a produção de alimentos na pré-história brasileira.

“As análises de restos vegetais estão deixando de aparecer simplesmente como relações de espécies encontradas no quadro das escavações arqueológicas. Hoje, os vestígios vegetais são interpretados como produto da relação dos grupos pré-históricos com o seu meio ambiente”, afirma o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Fábio de Oliveira Freitas, responsável técnico pelo projeto.

Inúmeras informações podem ser obtidas a partir dos vestígios vegetais encontrados em contextos arqueológicos. Desde como era a relação do homem do passado com o mundo exterior como dados mais específicos, como o tipo de paisagem que existia, a dieta dos homens, as plantas que eram utilizadas para construir artefatos, as utilizadas em rituais, na fabricação dos remédios, entre outros dados históricos fundamentais.

A professora adjunta do Departamento de Antropologia do Museu Nacional, Rita Scheel-Ybert, cooperante no acordo com a Embrapa, explica que durante muitos anos a pesquisa arqueológica só conhecia os chamados macro-vestígios: restos de frutos e sementes dissecados ou carbonizados encontrados nos sítios arqueológicos. Fora desses locais era extremamente difícil encontrar algum vestígio orgânico, devido à dificuldade de conservação ocasionada pelo tempo, chuva, ataque de microrganismos e outras condições que levam à rápida decomposição da matéria orgânica.

Somente a partir da análise dos microvestígios, os tais fitólitos e grãos de amidos, é que informações antes escondidas puderam ser trazidas à tona. “Graças aos microvestígios hoje sabemos que a domesticação do milho começou há 9 mil anos nas terras baixas do Panamá. Mas por muito tempo acreditou-se que o milho havia surgido há 3 mil anos nas terras altas do México”, afirma Scheel-Ybert.

O exemplo acima permite afirmar que a própria história da agricultura poderá ser reconstruída a partir do estudo dos microvestígios feito pela arqueobotânica. Isso porque ainda não há, segundo a pesquisadora, nenhum projeto de grande escala com imagens e coleções de referência específicas do Brasil.

O novo banco de dados poderá ser utilizado por pesquisadores de qualquer parte do mundo, pois será construído com acesso livre pela internet. “Temos uma ideia bastante ambiciosa de construir um banco de fácil acesso aos pesquisadores e que possa servir para gerenciar coleções de referência de diferentes áreas de pesquisa”, finaliza a professora.

19 unidades de pesquisa da Embrapa vão contribuir com o projeto

O Acordo de Cooperação entre a Embrapa e o Museu Nacional da UFRJ terá vigência de três anos e envolverá, além da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, outras 18 unidades da Embrapa: Clima Temperado; Semiárido; Amazônia Oriental; Meio-Norte; Mandioca e Fruticultura; Arroz e Feijão; Milho e Sorgo; Cerrados; Algodão; Amazônia Ocidental; Florestas; Pantanal; Tabuleiros Costeiros; Acre; Rondônia; Trigo; Agroindústria Tropical e Hortaliças.

De acordo com o pesquisador Fábio Freitas, a ideia é que cada curador de produto (milho, feijão, amendoim etc.) forneça dois ou três acessos de cada espécie para o Museu Nacional, que irá retirar das sementes as amostras de amido e fitólito e fotografá-las.

“A Embrapa quer contribuir para resgatar um pouco da história da alimentação do homem pré-histórico no Brasil, as espécies que eram manejadas antes mesmo da existência da agricultura como a conhecemos hoje. E os nossos BAGs guardam preciosidades que podem ser as peças que faltavam neste quebra-cabeças”, conclui Freitas.