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Calouros vão capturar caramujos africanos com apoio da Prefeitura da

Caramujo AfricanoA iniciativa partiu dos alunos e deverá envolver mais de 90 pessoas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CALOUROS VÃO CAPTURAR CARAMUJOS AFRICANOS COM APOIO DA PREFEITURA DA UFRJ

A iniciativa partiu dos alunos e deverá envolver mais de 90 pessoas.

07.03.2017

Os novos estudantes do curso de Defesa e Gestão Estratégica Internacional da UFRJ (DGEI/UFRJ) participam, na manhã do dia 8 de março, de uma ação para recolhimento de caramujos africanos (Achatina fulica) no Centro de Tecnologia (CT). A iniciativa partiu dos próprios alunos do curso e deverá envolver mais de 90 pessoas, entre calouros e veteranos, que queriam dar mais sentido ao tradicional trote universitário e procuraram a Coordenação de Meio Ambiente da Prefeitura da UFRJ para saber como poderiam colaborar pela melhoria da qualidade de vida no campus.

De acordo com a coordenadora da prefeitura, Carmen Odete, havia inicialmente a proposta de plantio de mudas, mas como isso não pode ser feito mais de forma aleatória, em respeito ao Plano Diretor da instituição. Eles optaram por realizar a coleta do molusco, que foi introduzido no Brasil na década de 1980, no Paraná, e vêm se espalhando por todo o país, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-oeste. “No Rio de Janeiro, é grande a ocorrência, sendo que aqui no campus, encontramos muitos deles nas áreas verdes existentes nos entre blocos do CT”, observou Carmen.

O Departamento de Malacologia (ramo da biologia que estuda os moluscos) do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz, que é centro de referência nacional em malacologia médica, atua na identificação do molusco e no estudo das doenças que ele pode transmitir ao homem, esclarece que existem duas zoonoses que podem ser transmitidas pelo caramujo africano: a meningite eosinofílica, causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis; e a angiostrongilíase abdominal, causada pelo parasito Angiostrongylus costaricensis.

No Brasil não há registro de nenhum caso de meningite eosinofílica, que já foi verificada em ilhas do Pacífico, no Sudeste Asiático, na Austrália e nos Estados Unidos. No entanto, a segunda zoonose já teve casos em território nacional, mas não transmitida pelo caramujo africano. A angiostrangilíase abdominal muitas vezes é assintomática, mas em alguns casos pode levar ao óbito, por perfuração intestinal e peritonite. Segundo a pesquisadora do IOC, Silvana Thiengo, em testes realizados em laboratório, o caramujo africano não se revelou um bom hospedeiro, sendo portanto considerado apenas um hospedeiro potencial para o parasita, causador da angiostrongilíase abdominal.

De qualquer forma, para todos os estudantes que estarão envolvidos na ação serão distribuídas luvas descartáveis e espetinhos para recolhimento dos caramujos. Segundo pesquisadores do IOC, a catação é a melhor forma de manter o controle da proliferação do animal. O uso de pesticidas não é recomendado em função da alta toxicidade dessas substâncias. A melhor forma de captura é com as mãos protegidas com luvas ou sacos plásticos.

O Plano de Ação para o Controle de Achatina fulica do Ibama recomenda que após a catação os moluscos devem ser esmagados, cobertos com cal virgem e enterrados. Outras opções são jogar água fervente num recipiente para matar os caramujos recolhidos ou incinerar, desde que estes procedimentos sejam realizados com segurança. O material pode ser ensacado e descartado em lixo comum, mas é preciso quebrar as conchas para que elas não acumulem água e se transformem em focos de mosquitos, como o Aedes aegypti, vetor do vírus do dengue, Zika e Chikungunya.